segunda-feira, 25 de abril de 2011

Assembleia Municipal homenageou mulheres anti-fascistas de Alpiarça

Adelaide Fidalgo
Joaquina Cavaca 
Adelina Arranzeiro
Abriram as portas das suas casas a pessoas na clandestinidade que, perseguidos pela PIDE, eram forçados a fugir para não serem presos, alojando-os por largo tempo como se fossem seus familiares ou “hóspedes” e transportando-os nos seus carros por longos percursos. Estes antifascistas e suas casas, conhecidos como pontos de apoio, apesar de legais, corriam o mesmo risco de verem as suas casas assaltadas pela PIDE e de serem presos e condenados, como aconteceu com alguns.

Outras formas de solidariedade consistiam nas ofertas de roupas, calçado, medicamentos, assistência médica e as valiosas contribuições financeiras.

Citando o livro “Gente de outro ver” de José João Marques Pais, “a casa de Adelaide Fidalgo, era um dos mais seguros pontos de apoio. A Adelaide deve ter um lugar no céu, por tanto bem que fez a estas pessoas, pois tanto ela como o marido, embora não fossem militantes, davam de comer, compravam roupa, vendiam as rifas, aos membros do Partido Comunista que ali procuravam abrigo seguro”.

É evidente que sem esta solidariedade, que se inseria na luta contra a ditadura fascista, não teria sido possível vencer a dureza da luta clandestina e a repressão.

Qualquer participação na luta contra o regime fascista revelou dedicação, coragem e combatividade, que foram decisivas para o derrube do fascismo e, consequentemente, para a Revolução dos Cravos em Abril de 74.
Maria Manuela Costa de Almeida
Nascida a 8 de Março de 1932, operária agrícola, entre na clandestinidade a partir de 1960, dedicando-se de alma e coração ao trabalho partidário.
Daí, até 1974, governou casas clandestinas do PCP, sempre com o seu companheiro e a filha de ambos, Noémia. Governou-as com saber, porque era necessário transmitir à sociedade envolvente a mais completa normalidade de vida. Mesmo que a partir de 1963, tivesse como missão, conjuntamente com o seu companheiro, a instalação e funcionamento de tipografias, para edição de jornais, tarjetas e demais imprensa clandestina do Partido Comunista Português.
No início da década de 70, nova missão partidária lhes seria atribuída: montar e manter uma estrutura de retaguarda (quinta paiol) à nova organização de combate armado ao regime, a Acção Revolucionária Armada (ARA).
A ARA, durante três anos, provocaria graves danos materiais à máquina de guerra colonialista, com a destruição ou danos sérios, nomeadamente, em barcos, helicópteros e aviões militares, material bélico e em instalações da NATO, sempre com o cuidado de não causar quaisquer vítimas ou danos pessoais. 
Durante uma década e meia viveu clandestina no seu País, em luta por um Portugal livre, justo e fraterno, em permanente risco da sua liberdade e vida, fazendo com que o aparelho repressivo dos regimes de Salazar e Caetano nunca tenha conseguido localizá-los e, assim, descobrir ou neutralizar as casa clandestinas do PCP, as tipografias ou a estrutura da ARA dos quais foram responsáveis.

 

Joaquina Farinha Relvas

Nasceu em Alpiarça a 22 de Fevereiro de 1913 e faleceu a 8 de Janeiro de 1995. Operária agrícola.

Foi a primeira mulher alpiarcense a ser presa por motivos político / laborais.
No ano de 1936 era uma das trabalhadores rurais que se manifestava na praça de jornas, em luta pelo aumento do salário ou, como à época se dizia, da féria, facto este que para o regime de António Salazar constituía uma autêntica heresia, ainda para mais sendo mulheres a fazê-lo, chegando-se mesmo, particularmente nas primeiras décadas após a “Revolução de Maio”, a colocar no mesmo plano os que lutavam por melhores condições de vida e pelos direitos cívicos e os que praticavam actos de criminalidade comum.
A G.N.R interveio, montada a cavalo, agredindo e, com os animais, pisando trabalhadores.
Com Joaquina Farinha Relvas, foram também presos vários trabalhadores rurais.
Joaquina Farinha Relvas é agora homenageada, a título póstumo, não só pela sua atitude reivindicativa, em tempos em que as condições laborais dos trabalhadores rurais eram miseráveis e cujos direitos cívicos praticamente inexistentes, mas também pela simbologia no que concerne ao papel combativo da mulher alpiarcense, ao lado dos seus companheiros de trabalho.

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