O Auditório Mário Feliciano
na Biblioteca Municipal de Alpiarça encheu na tarde do passado sábado para o
lançamento da obra autobiográfica “Aconteceu”, de Francisco Presúncia Bonifácio
(Chico Galiza), militante do PCP desde a década de 50 do século passado.
Na mesa estiveram, para além
do autor, Octávio Augusto, do Comité Central do PCP, Mário Pereira, presidente
da Câmara Municipal de Alpiarça (que apoiou a edição), Ricardo Hipólito e
Sérgio Ribeiro.
Octávio Augusto realçou que
“o livro é muito mais do que apenas se ficar a saber o que aconteceu num
determinado contexto histórico (…), é também encontrar-se ali elementos para se
continuar o trabalho que os “Chicos” Galiza travaram, de modo a que Abril não
se perca”.
Mário Pereira sublinhou a
contribuição de Chico Galiza e de outros alpiarcenses para a nossa liberdade e
a importância de um livro tão especial que reflecte o percurso histórico do
autor, marcante da afirmação de um ideal, ao dar o melhor de si e, ao mesmo tempo,
ser a obra uma importante peça na recuperação de memórias de luta.
Por sua vez, Ricardo
Hipólito abordou as vicissitudes do desafio lançado a Galiza para que a sua
experiência e conhecimentos pudessem ficar como testemunho de um percurso de vida
e o consequente desenvolvimento de todo aquele processo criativo. Foram ainda,
na sua intervenção, abordados alguns momentos relatados na obra, sublinhando-se
que a grande força dinamizadora de Galiza e de tantos outros que, como ele,
lutaram, foi o facto de acreditarem.
De acreditarem nas causas justas da sua luta.
Sérgio Ribeiro, antes de
analisar o livro, não quis deixar de assinalar que já tinha apresentado muitos
livros “mas nunca um que lhe tivesse dito tanto (como este), por ser um
testemunho vivo”.
Um livro que, na sua
opinião, é de uma grande “importância como testemunho, por vezes comovente,
relato de um homem, de uma família, de uma luta que foi por nós. Um livro de
afectos, cheio de ternura, de amizade, de compreensão, de companheirismos, das
suas contingências, das suas fragilidades e das suas traições”.
Chegada a vez do autor e antes
de relatar alguns episódios da sua vida de luta, transcritos na obra, Chico
Galiza reafirmou que nunca tinha pensado em escrever um livro e muito menos
sobre si, a sua companheira e a sua filha, porque o que fez, no seu entender,
foi cumprir apenas o seu dever.
E se voltou atrás na sua
inicial intenção é porque compreendeu a importância do testemunho para que o
fascismo não seja branqueado.
“Foi também por ouvir a
minha filha perguntar muitas vezes, na escuridão das casas clandestinas, porque
brincavam os outros meninos e ela não, que resolvi escrever este depoimento,
uma espécie de desabafo”.
A sessão de apresentação
terminou com o autor e a sua “sobrinha Isabel” (aliás Faustina Condessa Barradas,
uma jovem alentejana que entrou na clandestinidade aos 16 anos) a reviverem
momentos (comoventes) por que passaram nos treze meses em que desempenharam
juntos tarefas partidárias numa “casa do Partido” na zona de Odivelas, onde
funcionou uma tipografia clandestina.
O livro encontra-se à venda
no Centro de Trabalho do PCP em Alpiarça, na Agência Amílcar, no Quiosque de Luís
Figueiredo, no Largo dos Águias e em Lisboa, na sede do PCP, na Rua Soeiro
Pereira Gomes. As encomendas podem ser feitas pelo email galizachico@sapo.pt ou pelo TM 91345 0740.
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